Familia Staszewski

Familia Staszewski
Boyd, Conceicao e Zachary

sábado, 14 de junho de 2008

Estados Unidos x Brasil - Lições Aprendidas

Estamos, quer dizer eu estou aqui a 3 meses, por que meu esposo ja vivia. Durante este curto tempo, eu tenho aprendidos muito na verdade eu tenho aprendido o que normalmente levaria ano.
Quando cheguei aqui minha primeira reação foi, muita ansiedade. Ansiedade por não falar a língua, por não ter trabalho e mais ainda por não ver pessoas, um giro de 380 graus em minha vida, parece louco mais é exatamente isso que aconteceu, nos 2 primeiros dias eu ainda estava com sono, dormia sem parar para pensar onde eu estava, no terceiro dia veio a novidade, conhecer minha nova cidade meu novo lar, mas o frio de gelar a alma consumia todas as minhas forças, e eu permanecia mais tempo dentro de casa, para falar a verdade só depois de um tempo longo tempo mais ou menos 2 semanas eu consegui finalmente sair de casa e andar perto de minha casa para ver o temos, bem temos muitas florestas ao redor, sinto-me um personagem de história dos irmãos Grimm, temos um Igarapé, com águas muito gelada, muita natureza ao perto, e pessoas, ah pessoas tenho andar uns 300 metros até encontrar alguém, e olhe lá se estiverem fora de casa por que as casas estão sempre fachada já que a vida aqui e movida por muito trabalho e raramente se encontra alguém em casa.
Chegar aqui foi muito fácil, do ponto de vista da viagem depois de 10 horas em um avião quem me conhece pode imaginar como me senti, por que eu sou do tipo de pessoas que não esquenta lugar, eu dizia ao Boyd, amor to cansada, ele dizia você e mais todas as pessoas daqui do avião, e eu dizia mas eu mais não vejo ninguém reclamar, as crianças caladas, parece mentira mas até as crianças estavam caladas, mas eu inquieta.
levantava, andava e Boyd dormia, até que resolvi sentar e tentar dormi um pouco. Quando desci do avião, meu Deus parecia entrar em uma geladeira, eu me tremia de tanto frio, logo pensei aqui não é meu lugar.
Meu esposo estava tão ansioso, queria levar-me para conhecer seus amigos ele parecia uma criança tão feliz, ah se ele soubesse o que vinha pela frente. Mas enfim meu esposo parecia uma criança queria mostrar seu presente, eu claro.
todas essa euforia durou uma semana, por que eu não conseguia mais sair de casa de tanto frio, ficava o tempo todo deitada, foi um choque para ele, quem me conheceu muito ativa, no Brasil não parava, e aqui por mais que eu me esforçasse não podia agir, o frio me paralisava, me sentia sem forças, sem disposição, ele não entendia e isso o fazia sofrer, me fazia sofrer, já não sabia quem era eu, nem o que podia fazer, me sentia tão inútil, sem referencial, sem energia e queria retornar ao Brasil tudo aqui não era bom e para completar descobrimos que eu estava gravida de 5 semanas, parte da minha indisposição se dava por isso, mas como a vida aqui é tão prática percebi que as pessoas não se dão este direito de se sentir indefesa, para meu esposo era novidade, as mulheres aqui são tão fortes, ativas, e eu não era igual. Ele precisou viajar e para que eu não ficasse sozinha minha sogra se ofereceu a cuidar de mim em sua ausência, eu fiquei muito feliz finalmente ia conhecer minha sogra, passados alguns dias ele chegou, uma mulher muito disposta, ativa e com muita energia, sua intenção além de ficar comigo era ensinar inglês para mim, finalmente Boyd viaja, e ficamos so nós duas em casa, todos os dias sentavamos para estudar, minha sogra sendo uma pessoa muito ativa logo encontrou algo para fazer no jardim, ela cortava as arvores que estavam grandes, plantava e outras coisas, eu não conseguia colocar o pé fora, quando tinha um sol eu aproveitava para sentar no sol e sentir um pouco de calor. Os dias foram passando e meus enjoos so aumentavam, minha sogra todos os dias queria fazer exercicios comigo, queria sair caminhar, mas o vento era tão frio que as vezes que eu conseguia sair voltava com fortes dores na cabeça, não queria decepcionar minha sogra, mas a situação já não era mais agradavel para mim, por um tempo eu deixei ela tomar todas decisões por mim, eu não tinha nem poder de decisão de tão debilitada estava, acho que a palavra é esta debilitada, não tinhas forças, disposição, não conseguia mais estar dentro de casa e não conseguia sair, minha casa e tudo nela era ruim para mim, eu não conseguia comer, tudo que comia ia para fora, a comida não tinha gosto, eu chorava a noite sozinha queria voltar, queria a Mamãe, queria a Dima, queria minha vida de volta, a intolerância já era visível em minha sogra e meu esposo, eles não podia compreender como eu me sentia, parte entendo por que da mesma forma que eu me sentia ansiosa, eles também por que queriam me ver bem, feliz, mas eu não estava feliz, meu esposo perguntava-me onde está a Conceição, nem eu sabia, eu tinha deixado ela muito longe, e agora outra estava me meu lugar, eu pensava me Manaus dia e noite nos meus amigos, não saia do computador na esperança e encontrar alguém para conversar e falar, falar, falar, eu me sentia muito sozinha, muito indefesa, a Internet era minha companhia dia e noite, minha felicidade por estar grávida já se misturava com minhas angustia, meu esposo e sua mãe não podia compreender, e as vezes mostrava-se intolerantes comigo. Gostava de sair e encontrar pessoas que havia passado pelo estava passando assim me sentia compreendida, mas meu coração doía muito, doía por que via que meu esposo não estava feliz, e eu não estava feliz , sonhava com o dia que Boyd dissesse vamos retornar ao Brasil.
Mas isso não ia acontecer, eu precisava levantar, mas como eu tinha apenas 2 meses aqui, compreendia que minha vida era aqui agora, minha familia estava aqui, por mais que eu amasse meu Brasil as pessoas de lá, minha vida era aqui agora, mas compreender nem sempre significa aceitar, eu não aceitava isso para mim, as circunstâncias que me trouxeram para cá, foi diferentes de outros que vinheram com o sonho de encontrar aqui sua estabilidade financeira, sei que essas pessoas sofreram também mas elas tinha um objetivo que ao ser ver era muito precioso, mas eu não eu vi opr casei, vi para ficar com meu esposo, a pesar de ser um motivo nobre, eu não podia aceitar tais dores, tais sofrimentos.
Até que um dia eu resolvi levantar e procurar ajuda para mim, primeiros as oraçoes, fazia muitas orações e questionava a Deus por que eu estava aqui, minha vida no Brasil com as atividades bahais era tão ativa e aqui não tinha vida comunitária, por mais que as pessoas me acolheram e ficava feliz com minha presença, mas eu sentia falta da pessoas que eu era no Brasil, alegre, sempre inventando algo para tornar as atividades mais alegres, meus amigos oh como eu sentia saudades deles, mas enfim minha vida era outra, durante as oraçoes eu chorava e questionava a Deus, por que o que tenho que fazer aqui? Por mais que eu entendesse que na vida os acontecimentos não são por acaso eu não conseguia resposta para minhas perguntas, mas quando passei a observar melhor as coisas eu percebi que todas as vezes que eu perguntava Deus me respondia, quando eu percebi e aceitei suas resposta, que algumas vezes foram tão claras., tão óbvias e tão imediatas, que eu ficava assustada, eu compreendi que Deus realmente tem um propósito para mim aqui, Ele não ia enviar sua filha para uma terra distante e desconhecida sem ter nenhum propósito, hoje sei o que devo fazer, descobri minha missão, estou mais feliz, mais conformada e estou me redescobrindo, percebendo onde eu estava, estava sempre perto de mim mesma, mas minha visão estava tão fechada que não me permitia ver meu próprio EU. Percebi que a Conceição estava aqui o tempo todo, talvez sem querer eu estava me tornando outra pessoa por estar em terras desconhecidas, mas não precisamos ser outra pessoas, só precisamos nos renovar, mas sem perder a originalidade, sempre perder nossa personalidade, agora estou voltando, já posso sentir meu filho, já posso sentir a amizade das pessoas, minha resistência com inglês está acabando dentro de apenas um mês aprendi o suficiente para não perder nos locais, já posso me comunicar com meus novos amigos, já sinto seus carinhos seus esforços em entender-me, em ajudar-me, já aprendi com outras amigas brasileiras a ter paciência comigo, esperar meu tempo e hoje estou compreendendo o valor da paciência, e mais ainda, compreendo que para ser feliz não é necessário que estejamos apenas em nosso habitat natural, compreendo que somos seres mutavéis e adaptavéis, decidir ser feliz aqui, decidir ser eu, e mais ainda aceitei que esse é meu lar, esta e minha família.
Mas quero dizer que sou uma pessoa tipicamente brasileira, não deixei minhas raízes e minha casa como diz meu esposo é uma casa brasileira, é meu pedaço de Brasil, quando estou caindo na armadilha da saudades eu ligo meu rádio coloco um CD e dança até ficar muito cansada, e depois retorno as minhas atividades diárias, ainda não trabalho mas não estou mais ansiosa, meu filho irá preencher o espaço que seria para meu trabalho. E depois então com a Graça de Deus eu poderei seguir com trabalhos, mas minha cabeça voltou a funcionar, tenho novos planos, novas idéias.
Aprendi valiosas lições, o engraçado foi que ao sair do Brasil algumas pessoas me disseram para não ter contato com brasileiros, eu fiz exatamente ao contrário, eu conheci muitas brasileiros e deste mesmo estou recebendo muito apoio, e fiz amigos maravilhosos, americanos também, o fato de falar com brasileiros não está atrapalhando meu inglês por que percebi que na vida tudo é decisão, continuo vendo programas brasileiros, até novelas que no Brasil eu não parava ver, hoje estou vendo. Assim é a vida, somos seres capazes de suportar as mais severas mudanças, mas precisamos ser pacientes, eu ainda não aprendi a viver no frio mas não irei me preocupar com isso agora senão não aproveito o verão, o calor que aqui está fazendo aos americanos me perdoe, mas o calor para mim e essencial.

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